Ana Carolina Oliveira falou ao G1 a respeito da decisão judicial que permite Anna Carolina Jatobá sair da prisão para trabalhar. Madrasta está presa, condenada por matar enteada em 2008.
“Estou chocada, arrasada”, lamentou ao G1 Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, sobre a decisão da Justiça paulista, que nesta segunda-feira (17) autorizou a madrasta da sua filha a deixar o regime de prisão fechado e ir para o regime semiaberto.
Anna Carolina Jatobá, de 39 anos, está presa em Tremembé, interior de São Paulo, condenada a 26 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato da enteada em março de 2008 na capital paulista. O pai da menina, Alexandre Nardoni, de 39, marido de Jatobá e ex-marido de Oliveira, também está preso, condenado pelo mesmo crime. Ele recebeu pena de 30 anos, 2 meses e 20 dias de prisão.
Os dois sempre negaram ter matado Isabella, alegando que um invasor entrou no prédio e matou Isabella, ao jogá-la da janela do sexto andar do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo. A criança tinha 5 anos.
Com a progressão de regime, Jatobá poderá deixar a prisão na saída temporária do Dia dos Pais, em agosto.
Procurada pelo G1, Oliveira criticou a decisão judicial. “Ninguém merece né?”, comentou a mãe de Isabella nesta tarde. “Tinha esperança que isso não acontecesse dado o absurdo, a fatalidade a atrocidade que ela [Jatobá] cometeu”.
Com a decisão judicial, Jatobá vai cumprir a pena no semiaberto e terá direito de deixar a penitenciária cinco vezes ao ano para as saídas temporárias. Além disso, no regime mais brando, ela poderá sair da prisão diariamente para trabalhar, desde que retorne todas as noites para dormir no local.
“Só tenho a dizer que é um absurdo. Que ninguém que comete um crime como esse pode ficar tão pouco tempo reclusa”, continuou Oliveira. “É isso que tenho pra falar. Que me sinto penalizada. Que é um absurdo”.
Em 2016, a mãe de Isabella teve outra criança: um filho, fruto do seu casamento com o administrador Vinicius Francomano, de 30 anos. Oliveira tem 33 anos. "Um filho não substitui o outro", disse ela à época ao G1.
Regime semiaberto
A progressão foi concedida pela juíza Sueli Zeraik, da 1º Vara de Execuções Criminais (VEC) de Taubaté. A decisão será encaminhada para a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) ainda nesta segunda.
Após a notificação, Jatobá deverá ser transferida para a ala que abriga presas do semiaberto, onde está Suzane von Richtofen, condenada a 39 anos de prisão por assassinar os pais em 2002.
Existe a possibilidade de a madrasta de Isabella sair da cadeia pela primeira vez no próximo mês, em agosto, na saída temporária de Dia dos Pais.
Pedido
A progressão de regime foi um pedido da defesa de Jatobá, feito em abril deste ano. Nele, a defesa da presa alegava que ela já tinha direito ao benefício por ter cumprido o tempo mínimo exigido para mudar de regime e bom comportamento prisional.
No último mês, após receber o resultado de um exame criminológico favorável à progressão da detenta e documentos com detalhes de rotina dela em que constavam elogios dos diretores e funcionários da penitenciária, o Ministério Público (MP) foi favorável à concessão do semiaberto à Jatobá e encaminhou o processo para a decisão da juíza.
"Vale dizer que a gravidade do crime e suas consequências, por mais nefastas e repugnantes que sejam, não podem prevalecer", informa trecho do parecer do promotor Luiz Marcelo Negrini.
Planos
O parecer de uma equipe técnica, que produziu em junho laudos psicólogo e psiquiátrico, apontou, sobre o comportamento da detenta que 'a possibilidade de reincidência é nula'.
Aos especialistas, Jatobá afirmou ser inocente e disse desejar que a verdade sobre o caso apareça. Ela disse ainda ter aprendido a ser paciente durante os nove anos em que está reclusa.
Questionada sobre seus projetos de vida, disse planejar, após ter a liberdade definitiva, buscar apoio dos familiares, manter o relacionamento com o marido Alexandre Nardoni - que também está preso em Tremembé -, fazer um curso de moda e abrir um ateliê de costura.
"Quero estar com meus filhos. Vou morar em São Paulo ou numa cidade do litoral, trabalhar e tentar viver minha vida. Gostaria que um dia minha vida pudesse voltar ao normal. Gostaria de desenvolver o meu lado espiritual e ajudar as pessoas", disse Jatobá. Ela e Alexandre têm dois filhos, atualmente com 10 e 12 anos.
De acordo com o psiquiatra que fez a avaliação, Jatobá assimilou a gravidade do ocorrido, possui valores éticos e morais e é capaz de manter controle sobre sua agressividade e perspectiva de vida.
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